O João Melo é um cómico fracassado, muitas vezes demasiado macabro e subserviente aos dogmas de um partido, que variam como o estado do tempo ou as modas do oportunismo que facilita o parasitismo. Ele diz que “há momentos na vida das nações em que o posicionamento individual de cada um, mais do que político e/ou partidário, deve ser ético e moral”.
Por Domingos Kambunji
Nós, que não temos filiação política e/ou partidária nem disciplina para a militância subserviente, acreditamos que a ética e a moral devem estar presentes em todos os momentos das nossas interacções na sociedade a que pertencemos. É por isso que tentamos aprender e melhorar cada vez mais um raciocínio crítico, sem tentar impor a nossa maneira de pensar com “metralhadoras e mísseis” nos vários Cafunfos onde os nossos passos se movimentam, ou no alvor ou entardecer dos muitos 27 de Maio, durante o ano e durante decénios, que conseguimos ultrapassar para poder continuar a viver, acreditando no holismo com ideal e prática.
O nosso país dá mostras de estar a entardecer, especialmente porque houve e continua a haver muitos jornalistas e escritores que pensam que a ética e a moral só devem ser respeitadas em momentos específicos, de acordo com as conveniências.
É diferente, para não dizer estranho, observar o João Melo na defesa de um líder político que é adversário, mas o partido onde tem vegetado o “jornalista e escritor”, numa manifestação de racismo asqueroso, considera-o inimigo. O partido em que tem militado o João Melo tem uma enorme facilidade em inventar inimigos, principalmente para tentar desculpar-se do elevado número de disparates que implementou e continua a implementar, numa governação despótica que já ultrapassou as quatro décadas e meia.
Desta vez o João veio defender um angolano, que os sobas do seu partido acusaram de ser estrangeiro. Será por uma questão de autodefesa, porque ele apresenta uma tonalidade da epiderme muito semelhante à do “jornalista e escritor” do MPLA?
João destaca o facto de o seu partido ter sido, dos três que participaram na guerra contra o colonialismo, o maior defensor da multirracialidade no nosso país. Os que acompanharam a evolução desta organização política não concordam porque testemunharam a ocorrência de muitas lutas intestinas que não valorizaram pessoas mas a cor da pele predominante. Todavia, não devemos esquecer que foi esta mesma organização política que iniciou a guerra civil para impor uma ditadura fracassada em Angola, fuzilou angolanos durante a longa noite do 27 de Maio, especializou-se na corrupção e nepotismo, mudou de ideologia para passar a defender exactamente o oposto do que defendia quando durante a guerra ceifou a vida de muitíssimas centenas de milhar de angolanos, que passaram a ser milhões com as mortes provocadas pela negligência e indiferença que mataram e continuam a matar angolanos com a fome e as doenças. A verdade é que os membros do partido, a quem o João Melo presta vassalagem, eram estalinistas e agora apresentam-se como democratas, sem conseguirem disfarçar o que são . Invocando Jean Paul Sartre, “a porcaria é a mesma e as moscas continuam a ser as mesmas ou clones das anteriores”.
A verticalidade do “jornalista e escritor”, à semelhança da matilha que obedece às ordens superiores que são baixadas pela oligarquia reinante, é demasiado horizontal, exageradamente réptil. Essa é uma moda que não se alterou no decorrer das quatro décadas e meia de “reigime” despótico em Angola, ajoelhar para rezar…
As pessoas mais atentas ainda se recordam do posicionamento “moral e ético” do João, o “jornalista e escritor”, durante o julgamento dos Revus, condenados por defenderem a democracia e manifestarem-se contra a corrupção do e no MPLA. Quando o escritor José Eduardo Agualusa disse que o “jornalista e escritor” do MPLA era contra a “palhaçada” do julgamento dos Revus, o João disse que “talvez não fosse assim mas antes pelo contrário, talvez que, acho que não”… Tirou a tampa da caneta para escrever que o “Querido Líder estava muito cansado”… Depois transferiu os rituais de vassalagem para o herdeiro no “Querido Líder”, pelo que foi remunerado com um cargo ministerial. Faltou-lhe a força e resistência para a pedalada, rapidamente foi corrido do poleiro, durante aquele carrossel do nomeia-exonera-nomeia… para depois “a porcaria continuar a ser a mesma e as moscas continuam a ser as mesmas ou clones das anteriores”.
O jornalista, escritor, ou vice-versa, agora diz que o Ministério da Justiça e Direitos Humanos do MPLA vai realizar um inquérito sobre os fuzilamentos de angolanos em Cafunfo. Os mais cépticos e os mais optimistas têm o direito a desconfiar de um inquérito realizado por um governo que “baixa ordens superiores” de repressão?
Nos Estados Unidos, país que nos últimos tempos parece estar a tirar horas de sono ao jornalista e escritor, o presidente quando conclui o seu mandato pode ser investigado civil e criminalmente, não tem direito a imunidade presidencial ou cleptocrática como acontece em certos países…
João Melo também disse que, depois de investigado em Portugal e acusado de corrupção, branqueamento de capitais e falsificação de documentos, Manuel Vicente, o ex-vice-presidente de Angola, poderia ser julgado em Angola porque o sistema judicial era competente. Portugal enviou o processo para Angola e… como chacoteiam muitos angolanos… o processo do Manuel Vicente ficou “desquecido”.
Foram os procuradores e juízes do Ministério da pseudo Justiça e Direitos Humanos de Angola que condenaram os Revus por defenderem a democracia e manifestarem-se contra a corrupção do MPLA. Qual é a credibilidade, “nacional e internacional” que se deve dar a esse ministério? Naquele tempo o escritor e jornalista não invocava os valores éticos e morais para se manifestar contra a estupidez desses juízes e procuradores, doutorados em obediência às ordens superiores baixadas por seres demasiado inferiores… Ainda não era democrata?
Angola é um país onde continuam a morrer muitas crianças devido à fome. Os ministérios do MPLA, da Justiça e Direitos Humanos e dos Assuntos Sociais estão de férias ou encerrados para balanço, prestes a declarar falência?
Em todos os momentos da vida das nações, “o posicionamento individual de cada um, mais do que político e/ou partidário, deve ser ético e moral”. A miopia, o mimetismo e a bipolaridade oportunista que caracterizam o João Melo só demonstram que esses valores são usados apenas de acordo com as conveniências, principalmente quando se corre o risco de ser acusado de estrangeiro, como o MPLA, numa manifestação de racismo “vintessetedemaioista” acusou o presidente da UNITA.
Ética e Moral não são valores que caracterizam a oligarquia parasitária do MPLA e é por isso que tantos angolanos estão, descrentes, cansados, desMORALizados.
Não é necessária a realização de um inquérito porque já quase todas as pessoas inteligentes concluíram que Angola tem como ministro do Interior e como comandante da polícia nacional dois rambos cangaceiros muitíssimo boçais.
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